sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Os pacientes



Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes. Sua cama estava junto da única janela do quarto.
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.
E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela: uma parede imunda de tijolo podre , muito lixo e baratas.
Uma manhã, a enfermeira chegou  e o homem perto da janela tinha falecido. Chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. . Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora.  A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.

O homem perguntou à enfermeira o que teria feito aquele cretino lhe descrever  aquela merda deprimente fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede:

 "Talvez ele trabalhasse no jornal ou noticiário...."